24 junho 2008

Testemunho: Produção de vídeo

Iniciei actividade numa conhecida empresa de produção de vídeo, no ano de 2005.

Comecei a trabalhar com horário de entrada, obrigatoriedade de estar fisicamente no local, todo o material necessário ao trabalho é fornecido por esta entidade, sob ordens hierárquicas, pagamento fixo de ordenado, sem direito a horas extras (fiz bastantes trabalho uma média de 10 horas por dia), férias (duas semanas remuneradas, no período de 1 ano), feriados (sempre os fiz e nunca me pagaram mais por isso excepto [25 Dezembro e 1 Janeiro nos quais não trabalhei]), subsídios Férias (nem vê-lo) e Natal (nem vê-lo). Como é evidente, sem Segurança Social (e se descontasse ficava sem dinheiro sequer para comer).

No entanto estou a trabalhar desde esse ano até ao presente momento nas mesmíssimas condições. Já tive de recorrer a ajuda psiquiátrica pois o stress que se vive com prazos definidos “para ontem” a todos os minutos é algo desgastante, e quem trabalha na área sabe dar valor ao que acabei de dizer.

Estão a passar pessoas para os quadros enquanto outros continuam por tempo indefinido a passar recibos. ATÉ QUANDO ESTA INJUSTIÇA?

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo, continua-se a não dar o devido valor aos profissionais desta área. Também eu estou a trabalhar na área audiovisual em pós-produção nas mesmíssimas condições! Passa-se o recibo verde no fim como se fossemos trabalhadores independentes, mas o que acontece é que trabalhamos na empresa, temos de lá estar de X a X horas, utilizamos o material da empresa para trabalhar. Ainda por cima o pagamento é sempre tabelado por baixo, sem respeito pela especificidade da profissão. Nunca sobra para pagar a segurança social mensalmente. No fundo tratam-nos como se pertencêssemos aos quadros da empresa, mas parece que nos estão a fazer um favor ao empregarem-nos, e como tal não recebemos a parte da segurança social que nos é devida.
O problema é que no meio audiovisual ainda não se vê como natural a elaboração de contratos de trabalho, que beneficiariam ambas as partes - tanto o empregador como o empregado.

Com o descalabro que foi a Lei dos Intermitentes elaborada pelo governo, para os profissionais das artes e do espectáculo, mas sem a inclusão dos técnicos das artes e do audiovisual esta é uma situação que vai perdurar.

Quem a vai parar?
Nós, se denunciarmos a situação no momento em que somos contratados, expondo a situação como ilegal e não compactuando com estes esquemas. Ou se denunciarmos estas situações a organismos estatais. Quem são? Onde estão?